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Hibiscus de Torres - Texto de Mário Krás Borges

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05-07-2020

Agora que estamos em plena temporada de veraneio, quando mais uma campanha de arborização do litoral foi lançada pelas Secretarias da Agricultura e Turismo do Estado, promoção que está merecendo todo o apoio e colaboração dos veranistas e população fixa da região litorânea, lembramo-nos da primeira tentativa de arborização das ruas e praças de Torres. Foi no início da década de 50, estando na administração do município o então Prefeito Moisés Farias. A experiência foi feita com mudas de Hibiscos vermelhos (Hibiscus rosa-chinensis), também conhecido pelos nomes de "Mimode-Vênus" ou vulgarmente "Estrela do Norte”, trazidos do viveiro do Serviço de Fixação de Dunas, na época com sede em Tramandaí. Antes, na cidade havia somente alguns pés de cinamomos, plantados por negociantes à frente de seus estabelecimentos que serviam tanto para sombra como para os clientes atarem os cavalos em que montavam para virem à Vila fazer compras. Ainda recordo-me de belos exemplares de cinamomos nas frentes das antigas casas comerciais de Guilherme Raupp (seu Cote), Balbino Luiz de Freitas, na atual Rua Júlio de Castilho, e Manoel A. Gonçalves (seu Nequinho), este na lomba que ainda tem seu nome.

Essas casas de comércio vendiam, desde o óleo de rícino e o bálsamo alemão, usados na época para quase todos os males do organismo, até as especialidades de seu ramo: tecidos em geral e secos e molhados.

Mas, voltando aos Hibiscus, logo cresceram e adaptaram-se perfeitamente às condições climáticas do litoral, por serem plantas resistentes ao sal marinho, à areia e ao vento, dando belíssimo aspecto ornamental à cidade e constituindo-se numa atração floral idêntica à conquistada pelas hortênsias de Gramado e Canela.

No entanto, os belos Hibiscus de Torres, por descuido das administrações municipais subsequentes e dos próprios moradores, foram abandonados à sua própria sorte. As árvores que tombavam em consequência dos temporais, assim permaneciam, crescendo, ainda meio tortas, perdendo sua principal característica. Outras foram vítimas da ação vandálica dos malandros notadamente à noite. Na Rua Júlio de Castilhos, ainda existem alguns pés desses arbustos, como testemunhas vivas da primeira arborização urbana aqui iniciada na época a que acima aludimos.

O saudoso agrônomo e conhecido botânico, Edgar Fernandes Teixeira, que mantinha a sessão Floricultura, no Suplemento Rural do “Correio do Povo", aconselhava o uso de Hibisco na arborização das praias do sul, afirmando, em trabalho publicado em 1970, o seguinte: "Os veranistas que se dirigem neste fim de dezembro e começo de janeiro para as praias do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, desde Tramandaí, Capão da Canoa, Torres e Camboriú, irão encontrando os Hibiscos vermelhos em plena florada, como demonstrando a sua alegria pelo retorno daqueles que procuram, nas progressistas praias do sul, o descanso e o prazer das proximidades do mar".

Assim juntamente com o pinus e a casuarina, cujo plantio está sendo intensificado em nossas praias, deveríamos agregar os Hibiscos, tanto vermelho como as suas variedades lilás e brancas. Aí fica a nossa sugestão.





Este texto foi publicado no Correio do Povo na coluna Crônica dos Municípios em 02/02/1976, atualmente encontra-se no livro Torres Histórias em Crônicas Coletânea de 2019, pág. 115, organizado por Débora Fernandes. e Escrito por Mário Krás Borges, Escritor e jornalista autodidata, foi correspondente e representante da Companhia Jornalística Caldas Júnior na região do Vale do Mampituba publicando quase 50 crônicas no Jornal Correio do Povo, pesquisadas por Roberto Venturella, hoje publicadas no Livro Torres Histórias em Crônicas.

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